Você viu ele? - Bruna Guerreiro
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- Prólogo
Francisco, um simples carpinteiro, vê coisas estranhas acontecendo na cidade, parecia que um homem, um tal de Santiago Nasar tinha sido acusado de algo que não fez e está fugindo da morte, Francisco só tenta ajudar e no fim...
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Sou Francisco Junqueira e vim aqui contar para vocês uma experiência que nunca vivenciaram e espero que não vivenciem.
Era 7:00 da manhã, estava em mais um dia de trabalho, envernizando, cortando e consertando móveis. Cansado, fui tomar um café na padaria Pão Quente. O senhor com a cara sonolenta me atendeu, pedi um clássico café preto sem açúcar, ele resmungou e
trouxe o café com uns biscoitos mofados do lado, mesmo assim comi e bebi o café forte que me despertou para continuar o trabalho duro e cansativo.
Após o almoço morno, por volta das 13:00 horas, dois meninos chegaram na loja com a cara fechada e um facão na mão, parecia que estavam procurando alguma coisa, fiquei apavorado e suando frio. Ansiosos e barulhentos me perguntaram algo que eu não entendi direito, estavam falando de um tal Santiago Nasar, falei que não o conhecia e não sabia onde estava. Eles saíram da loja batendo os pés no chão, furiosos. Achei muito estranho, não sabia se estavam à procura desse homem para matar, então decidi ir atrás disso e tentar ajudar ele.
Fui para casa, apressadamente coloquei meu sobretudo bege que alcançava meus pés, uma bota preta rasgada no dedão e uma pequena mochila velha que minha vó me deu quando eu era criança. Enfim fui a procura de Santiago.
Passei por casas, de uma em uma perguntando se alguém conhecia este homem, até chegar na casa do conhecido Damião. Me perguntou o que estava fazendo por aquelas bandas e me convidou para um café, que eu prontamente aceitei, pois queria saber quem era Santiago. Contei os fatos das últimas horas daquele dia: Os meninos com o facão, o café com biscoitos mofados e até mesmo o padeiro com a cara sonolenta. Ele me olhou um pouco assustado tornando mais um pouco de café nas xicaras, se ajeitando melhor na cadeira, começou a proferir com veemência tudo a respeito de Santiago. Falou que ele era um bom rapaz, trabalhador e com grandes amizades. Ajudava a todos e que nos momentos de folga gostava de frequentar bares e festas. Morava com sua mãe Plácida a dois quarteirões dali.
Ouvi mais pessoas, todos falavam a mesma coisa dele, e, assim finalmente fui até a casa de dona Plácida.
Cheguei lá, uma casa bem simples, madeira gasta e com pintura velha. O chão, só grama, folhas secas e rosas. Havia um pequeno quartinho do lado de fora, bem gasto também. Sem fazer muito barulho entrei lá, peguei na pequena mochila uma lanterna e iluminando o breu encontrei vassouras e rodos para limpar a casa. A porta se fechou fazendo muito barulho e sons de alguém correndo e gritando surgiu lá fora, o silencio se fez...
Abri a porta lentamente, ela fez um ruído e quando eu olhei para frente, havia um corpo jogado no chão cheio de sangue, e dona Plácida estava em prantos chorando rios, percebi que o corpo era de Santiago, eles tinham o matado. Quando fui abraça-la, minha mão atravessou o corpo dela, como se eu fosse um fantasma, comecei a ver vultos e tudo começou a girar. Acordei.
Meu despertador tocou as 7:00 da manhã, fui para a loja trabalhar, tomei um café preto sem açúcar na padaria Pão Quente, mas desta vez o padeiro não estava emburrado e eu não ganhei biscoitos mofados. A cidade estava com um movimento bom, procurei por Damião querendo saber de Santiago, mas ele me disse que nunca ouviu falar nesse homem, andei dois quarteirões e não havia casa nenhuma no fim na rua, abri minha mochila e lá dentro eu encontrei um livro antigo, com capa azul marinho escrito assim: “ Crônica de Uma Morte Anunciada--Gabriel Garcia Marques”.
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